O DIREITO À LIBERDADE EM PAULO

Ademir Rubini

Resumo


Compreender a questão da liberdade, a partir dos escritos paulinos, supõe levar em conta a estrutura institucional romana da escravidão. O império romano tinha como base uma sociedade genuinamente escravista, integrando os escravos na economia e na sociedade, diferentemente da escravidão moderna. A escravidão romana fazia parte de seu status legal e não se ligava, necessariamente, ao nível socioeconômico. Por isso, não podemos simplesmente fazer uma leitura dos textos paulinos na ótica do iluminismo moderno, principalmente, imaginando que a liberdade a que Paulo se refere tivesse diretamente um sentido de oposição ao sistema legal instituído. As poucas referências que Paulo faz sobre a escravidão e sua superação, a partir da fé cristã, são mais bem compreendidas a partir do conceito de manumissão, e não como emancipação ou abolição no sentido moderno. Não é fácil perceber diretamente a exigência da liberdade, enquanto direito humano, mediante aquilo que Paulo escreveu. No entanto, o tema escravidão versus liberdade precisa ser visto no conjunto da doutrina paulina. Olhando na perspectiva do serviço ao Evangelho, podemos afirmar que Paulo, mesmo indiretamente, mexe no sistema escravagista. O ponto de partida, porém, não pode ser a suposta crítica realizada à ideologia da instituição social escravagista, mas o uso mental da estrutura romana da escravidão como canal para a construção de novas relações entre as pessoas e com Deus.


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