Justiça de gênero em escolas públicas: construindo identidades a partir de resistências a "pré-conceitos" sociais e religiosos

Resumo

Paulo Freire destaca que a Escola não transforma, mas é em si, um importante espaço de transformação das pessoas que, por sua vez, podem transformar o mundo. Frente à necessidade de mudar as relações humanas e de gênero, com uma educação voltada para a alteridade e a justiça social, este trabalho busca a compreensão da educação na (trans)formação das pessoas para uma mudança social. Assim, através de uma pesquisa qualitativa, com viés indutivo, realizada em duas escolas estaduais de Ensino Médio, do Município de São Luiz Gonzaga/RS, a pesquisa visa compreender como a cultura hegemônica conservadora têm se manifestado frente diversidade de gênero e orientação sexual, analisando aspectos culturais e identitários, bem como a influência de questões religiosas. Fica evidenciado que a cultura conservadora hegemônica, baseada em relações poder e, fundamentada em certos dogmas religiosos, não contribui para o respeito à diversidade de gênero e sexual, ferindo os preceitos de justiça de gênero, o que pode ser vislumbrando nos espaços escolares pesquisados, os quais se mostram permeados por uma fronteira simbólica resistente e edificada de preconceitos. Embora a identidade de gênero e diversidade sexual seja classificada como direito fundamental, o Brasil tem apresentado significativo retrocesso frente a tais direitos, destacando-se a proibição desses temas em salas de aula, sob o argumento que se estaria pregando uma “ideologia de gênero”. É primordial o debate desses conceitos nas escolas para evitar apropriações conservadoras e discriminatórias, em especial, por serem espaços de formação de novas possibilidades culturais.